segunda-feira, janeiro 26, 2009

Descrição pessoal de uma viagem docemente atribulada!

Uma pista muito simples...

O monte branco

Momento de relaxo após um dia a esquiar

E assim aconteceu! Diz que foram umas férias Alpinas fantásticas, e diz também que foram momentos espectaculares, tirando uma ou outra piripécia menos agradável. Aqui irá ficar a minha perspectiva simples e curta dos acontecimentos, com uma visão muito pessoal dos mesmos.

Dia 0 - A viagem
Mal dormi, é um facto. Ansioso lá me levantei às 5:45 locais, e em menos de dez minutos estava pronto para sair, chegando a Ana pouco depois para me apanhar. Meter a mala no carro, dizer adeus aos pais, correr para casa do Caseira e da Carla, seguir para o aeroporto, encontrar o Hugo e família, fazer check-in, comer um donut e um café (o último decente numa semana), ficar sem o desodorizante porque não se podem levar latas na mala de mão, entrar no avião, dormir... alguns p'lo menos! Depois a chegada a Genebra, o aluguer dos carros, a passagem pela downtown porque não era possível ir p'la autoestrada na parte Suíça sem pagar uma alarvidade de dinheiro - foi bom, deu p'ra ver uma cidade lindíssima, e o seu famoso geiser! Com isto deviam ser 13:30 locais ou assim, e lá fizemos a A40, e depois a A411, e ainda a E712 e depois chegámos a um vale que ia apertando e apertando e apertando! Parecia que estávamos a entrar na boca de algo gigantesco com autoestrada a ligar lá - simplesmente lindo. Começámos a subir, não parávamos de subir, chegámos a Les Menuires por volta das 18 locais, 17 em Lisboa. Arrumou-se todo o gear e lá fomos à procura de jantar, de equipamento de esqui, de aulas para os que não sabiam esquiar decentemente. No jantar percebeu-se que aquela gente não mete sal no comer... Foi assim a semana toda.

O apartamento? Do melhor, muito bom, sem sombra de dúvidas! Tinha tudo, não lhe faltava nada digno de nota! Até tinha paneleirices do tipo sauna, LCD de alta definição, mais de 100 canais de satélite (e outros 100 de...), internet wireless, etc.

Dia 1 - A primeira aula
Haviam uns autocarros de borla, e as aulas estavam marcadas para as 10 da manhã. Obviamente, como bons Portugueses, tínhamos que chegar atrasados, porque não sabíamos onde era exactamente o local de encontro. Levámos a boca no fim da aula do professor: "Amanhã 9 para todos, excepto para os Portugueses que será às 8:45". Por falar em professor, estamos a falar de um Italiano que falava Inglês, e que sempre que alguém mandava um tralho (fosse da aula dele ou outro cromo qualquer), ele dizia "et voilá". Conseguia fazer umas coisas estranhas tipo sacar cavalo com os esquis. Um tipo que conseguia arrancar um sorriso a todos e inspirar confiança. O primeiro dia, para mim, foi rever os conceitos - travar em cunha (snow plug), equilíbrio. Tudo correu bem. Um almoço porreiro numa casa de hamburgers, e uma tarde a treinar. Chegado a casa, estava completamente desfeito! Mas satisfeito, muito satisfeito! À noite começaram as jogatanas de canasta e ver o nevar lá fora.

Dia 2 - Continuação das revisões e a primeira ida a uma pista
Neste dia, já os cromos da neve (Hugo, Ana e Inês) iam longe para uma qualquer pista com inclinação de meter respeito a qualquer pessoa. Salvo erro foram para Val Thorens, uma estância lá ao lado. Sim, todas eram ligadas e era possível ir de umas para outras a esquiar e a apanhar teleféricos/cadeiras/saca-rabos. Eu, a Carla e o Caseira lá estávamos na aula, e a experimentar p'la primeira vez a pista 'La Violette', que devia ter entre 3 a 4 km de comprimento, com uma ou outra inclinação complicada. Neste dia não caí uma única vez. Mas os joelhos e pernas já tremiam... À noite comecei a ver a canasta com mais atenção, e comecei a aprender.

Dia 3 - As curvas em paralelo aka a falta de jeito crónica
Neste dia, o Suan (nome do professor) disse para começar a curvar com os esquis em paralelo. Acabaram as revisões do ano passado! Portanto, agora já era algo novo. E acima de tudo começava a obrigar a pensar de maneira diferente em relação à forma de equilíbrio. Claro que tudo aquilo obriga a não ter medo da pista, algo que não posso em toda a seriedade afirmar que não tinha... O dia acabou com a canasta, mas acima de tudo acabou comigo estafado física e mentalmente.

Dia 4 - O dia em que queria partir os esquis

Acordei com o coração a bater forte, sentia-o a sair da garganta, e custou-me a levantar neste dia, admito. Inclusivé comentei isso com o pai do Hugo. Fui para a aula e o raio das curvas em paralelo começaram a irritar-me solenemente. Como é muito habitual em mim, comecei a perder a calma ao ver que toda a gente estava a atinar com aquilo menos eu. Comecei a mostrar uma das minhas piores facetas, mostrando-me extramamente desagradável para todos - o professor dizia "Today is not a good day for Ricardo", com aquele sotaque italiano... Fomos almoçar e não mostrei boa cara a ninguém, p'los vistos sou muito transparente mesmo, e todos diziam "tens que ter calma" e "estás aqui para te divertir, não vale a pena chateares-te com isso", o que era um facto. Mas eu não o sentia assim! Saídos do almoço, a Carla e o Caseira juntaram-se ao grupo cromo e foram para pistas mais... difíceis. Eu achei, dada a forma como o dia estava a correr, que não era boa onda eu ir com eles! Eles seguiram por uma pista azul, e eu fui na mais fácil que ia dar acesso aos teleféricos que passavam perto de casa. Mal saí de perto deles, cruzo os esquis e caio. Deu-me o pior acesso de raiva dos últimos tempos! Tirei os esquis ao pontapé, e mostrei de facto uma das minhas piores facetas ao pai do Hugo e à Inês - a mais completa falta de calma! Fui para casa e fui-me acalmando. Aos poucos fui metendo na cabeça que não valia mesmo a pena passar-me e levar aquilo a sério...

Dia 5 - O dia que mais gozo me deu

Que contraste! Ao contrário do dia anterior, acordei muito bem disposto! Na aula estava muito tenso ainda p'los vistos, efeitos do dia anterior. A meio da aula o professor achou melhor fazer uma pausa e ir beber um vinho quente. Acredito que alguns daqueles loucos a atirarem-se de precipícios abaixo o façam com o efeito do alcool, porque a mim fez-me maravilhas! Todos os exercícios me saíram às mil maravilhas, e consegui divertir-me à grande! Mesmo depois de almoço e apesar de, de facto, não atinar com o raio das curvas em paralelo a cem porcento fui descer uma pista das complicadas e saí de lá todo contente - muito cansado mas realmente contente. A canasta subiu de nível! O "nós & eles" estava cada vez mais forte!

Dia 6 - o último dia

Nevava! Mal se via os montes ao largo da nossa casa, mas não era uma neve qualquer; era neve misturada com chuva, o que tornava a prática do ski algo difícil e chato. Mas a aula esperava por nós, e tínhamos que ir. Quando lá chegámos o Suan achou que não valia a pena e pediu-nos para irmos ter com ele a Val Thorens à tarde. Entretanto fomos para casa, e foi a tropa toda almoçar a um restaurante na praça central de Les Bruyères. Depois arrancámos para irmos a esquiar até Val Thorens. Tínhamos que subir dois teleféricos e descer mais umas pistas. No fim do primeiro teleférico não podíamos seguir. A tempestade era tão forte que só dava para ir até ali. Para chegar ao destino era necessário presseguir através de uma pista vermelha, pista para a qual não me sentia (nem sinto...) preparado para fazer. Voltei para o nosso apartamento, descendo pelo teleférico que me levara até ali. A ventania era tanta, que o teleférico ia parando na descida. A tempestade lá fora era tão forte que a neve parecia feita de agulhas que picavam a cara, não deixando abrir os olhos, e com os óculos não se via para além de 50 metros. Cheguei a casa, relaxei. Estava realmente sereno. À noite, foi mais uma canasta a seis, e desta vez ganha p'la minha equipa.

Dia 7 - O regresso

Acordei algo triste, porque estavam mesmo a acabar umas férias que me souberam muito bem. A viagem foi calma, e foi algo divertido andar a "desnevar" os carros que estavam metidos dentro de um monte de neve, e depois a empurrar um deles que não queria andar sobre a neve... O resto da viagem foi calmíssimo, culminando com a malta a comer um bife, cá em Portugal, para marcar o regresso à nossa bela comida.

Não descrevi, de propósito, mil e um outros pormenores. Podia-me lembrar dos stresses da Suzy para fumar e beber café, ou de outras pequenas peripécias que foram acontecendo... Mas não interessa! Foram das melhores férias que tive, e fiquei triste por terem acabado. Mas o que é bom eventualmente acaba.

Espero que para o ano haja mais.

3 comentários:

Miguel Faria disse...

Hum...que bom!!! Até me senti "por lá"....

Sim...qq dia voltas a meter os pes na neve!!!

SARA TEIXEIRA disse...

Concordo totalmente com Miguel...:) Com tua descrição acho que por momentos me senti de férias nos Alpes!!;)

Ainda bem que gostaste bastante! E com esta descrição acho que até para o ano eu desejo que haja mais!!!eheheh... Pode ser que eu tb vá! E ai já vais ter companhia para partir os esquis concerteza...
BJks!!

Anónimo disse...

Esse vinho quente parece maravilhoso! E o resto também!! :D
A ver se para o ano vamos todos juntos! :)