terça-feira, outubro 25, 2005

IVG

Acho que agora, com a história do Tribunal Constitucional poder chumbar a lei que permitiria fazer o referendo à IVG (Interrupção Voluntária da Gravidez) ainda este ano, a polémica está a estalar porque o Presidente (e o Primeiro Ministro) disseram que fariam a lei passar à revelia da consulta popular. Eu acredito que num eventual referendo o 'Sim' à IVG seria dado, se não existisse a abstenção que existiu no anterior referendo.

Ontem estive a falar com Fáfa sobre este assunto e apetece-me falar sobre o mesmo.

Eu votaria 'Sim' no eventual referendo. Porquê? Sou a favor do aborto? Não! Nem é isso que se trata, no meu ponto de vista. Trata-se de descriminalizar quem faz um aborto, não se trata de estar a favor do aborto. São coisas diferentes! Acho que muito pouca gente estará a favor do aborto, as in forma de contracepção... digamos que não deve ser agradável!...

Mas toda esta questão acaba por gerar discussões do tipo amor/ódio. Tem muito a ver com a formação moral de cada um, e quando entramos nesse campo as coisas complicam-se porque as pessoas discutem o assunto muito com o coração e muito pouco com a razão.

Para mim, a questão devia focar-se no seguinte: «deverá uma mulher ser julgada por cometer um acto que, aos olhos de uma parte da população, é moralmente questionável?»

Vamos por partes: eu acho o aborto, como acto, moralmente questionável. Acho! Se me acontecesse, na minha presente situação ser pai de uma criança não desejada, não desejaria que se fizesse um aborto. Iria fazer todos os possíveis para que essa criança viesse ao mundo.

Mas isso sou eu... E acho que não devo criticar que faz o contrário. Muitas vezes as razões para acabar com aquela vida (a defenição de vida é já em si complicada...) são extremamente fúteis, mas isso é mais uma vez a moral de cada um. Quem sou eu para julgar quem quer que seja? Ou a sua moral? Acho que não posso...

Por outro lado, ainda podemos analizar o que se passa em outros países, onde a IVG já foi "liberalizada". Eu não tenho dados, nem sou grande conhecedor... Por isso, se alguém quiser comentar e deixar informação sobre isso, é sempre interessante. Mas p'lo que tenho ouvido, acho que a experiencia não tem sido "má". Porquê? Porque, ao que parece, nesses países apostou-se também em políticas de prevenção da gravidez indesejada, com apoio social às mães jovens. Ou seja, fazer com que o recurso ao aborto seja o menor possível. Mas nunca o criminalizando.

Enfim... Isto é tema que dá pano para mangas... Discutam...
Soltem-me os cães! :D
Insultem-me! :D

7 comentários:

Anónimo disse...

-Bem...
-Eu sou totalmente a favor da despenalização do aborto. Especialmente neste país onde ele sempre se fez e espero que não continue por muito mais tempo a ser feito hipocritamente, enchendo os bolsos de uns tantos que se calhar até saõ capazes de votar "não"!
-A IVG não pode ser considerada de forma alguma como um método anticoncepcional ( mas tb só poderá pensar assim quem nunca o fez, quem nunca esteve proximo de quem o tenha feito...)
- Eu não teria uma criança indesejada.
- Politicamente, entendo que é um acto de hipocrisia (só mais um)pretender novamente um referendo sobre a questão. Estamso com um governo de amioria absoluta e com o resto de uma esquerda que apoiaria a despenalização. Ou o PS tem ideia definida sobre o assunto e assume ou então não me venham tapar os olhos!

Anónimo disse...

era pra deixar aqui um comentario inteligente, mas apaguei tudo... e desisti de opinar sobre isto...apesar de defender a liberdade (em todos os sentidos)

Anónimo disse...

O programa eleitoral do PS continnha nas suas linhas a despenalização do aborto, logo eles terem vencido as eleições já legitima em si a reformulação da lei, sem ter que passar por um processo eleitoral, em que existe sempre uma abstenção enorme, se gasta imenso dinheiro em todo o processo, em que temos de passar não sei quantas semanas a ouvir meia dúzia de beatos a falar contra o aborto, contra o crime, e bla bla bla, porque a inteligência ainda não lhes permitiu perceber que ninguém esta a defender o aborto mas sim a despenalização do aborto, para acabar com as parteiras de vão de escada, as hemorregias com consequência irreversiveis, as consequências graves de tomarem medicamentos que provocam o aborto, e de tantas outros negócios e estratégias que em nada dignificam a integridade de uma mulher que por alguma razão tem de recorrer ao aborto, e não o faz, por certo, de ânimo leve.
Em relação à percentagem de abortos feitos, nos países em que este é legal, os valores não aumentam, não descem, mantêm-se, porque uma mulher que quer fazer um aborto não o deixa de fazer por ela ser ilegal, a meu ver não é uma coisa em que a mulhjer no momento por que passa não deve pensar profundamente, a questão é apenas uma, nos outros países as mulheres realizam abortos em condições de sáude e higiene aconselhadas, tem acompanhamento a outro nível que não só o médico, e não existe um mercado 'negro' sustentado de forma imoral à conta das dificuldades e afilições dos outros.

Anónimo disse...

Desculpem por ser hiprocrita, para algumas pessoas, neste assunto mas sou contra o Aborto.
E não mudo a minha maneira de pensar.

Que tal comecar por decidir onde começa o direito à IVG e onde acaba?
É que fazer o IVG por "fazer" é bonito, mas não deveria ser apenas decidido por um médico ou prescrito por um médico com razões fundamentadas?

O aborto, em Portugal, é considerado um crime, punível com uma pena de prisão que vai de dois a oito anos (artigo 140º), a aplicar à mulher que aborta ou a quem, com ou sem o seu consentimento, praticar o aborto.

Existem, no entanto, situações em que, ao abrigo da lei (artigo 142º), é possível fazer uma interrupção da gravidez, desde que efectuada por um médico ou sob sua direcção, num estabelecimento de saúde oficial.

São três as circunstâncias em que é permitida a interrupção da gravidez:

• quando ela constitui o único meio de evitar perigo de morte ou de lesões irreversíveis para a saúde fisica ou psíquica da mulher grávida e desde que realizada nas primeiras 12 semanas de gravidez.

• quando se sabe que o bebé pode vir a sofrer de doença incurável ou de uma malformação e for realizada nas primeiras 16 semanas.

• quando a gravidez resulta de violação, caso em que tem de ser realizada nas primeiras doze semanas.

Estas situações têm, no entanto, de ser certificadas em atestado médico, antes da intervenção, por médico diferente daquele por quem a interrupção é realizada.

O consentimento tem de ser prestado em documento assinado pela mulher grávida e, sempre que possível, com três dias de antecedência relativamente à data de intervenção.

Anónimo disse...

100% de acordo. Sou pessoalmente contra o aborto. Mas sou 100% a favor da escolha individual.
Aliás, acho que nos EUA o movimento pelo "sim" é bastante mais inteligente ao intitular-se "pro-choice".
Porque é disto que se tratar, a pergunta no (eventual) referendo não é se eu sou a favor ou contra.
É como naquela frase, "posso não concordar com a tua opinião mas lutarei para que a possas ter".

Anónimo disse...

Muito obrigada por todas as informações aqui prestadas, não obstante eu não ser leiga na matéria, sempre me servem para avivar a memória.
Caros companheiros comentadores deste blog do nosso amigo Ricardo, não acredito que as mulheres (e os seus companheiros, quando conscientes) façam abortos por desporto. Mas, da mesma forma, não acredito muito que se em situaçoes aparentemente normais aos olhos da actual legislação, acontecer uma gravidez indesejada ( e lembrem-se dos fantásticos números que este país tem de mães adolescentes)não entendam ser melhor uma IVG. Não me venham com a velha máxima de que o feto já é uma vida, porque quanto a isso mais vale ter uma curta vida de que uma vida comprida sem o minimo de condições.
Para finalizar, acho hipócrita a situação e a atitude, mas isso não faz de nenhum dos comentadores deste blog pessoas hipócritas. Tenham tino, meus senhores! Felizmente cada um tem direito á sua opção e já agora, com a despenalização da IVG ninguém vai obrigar ninguém a praticar, mas que se façam em condições.
bom dia, amigos

Anónimo disse...

Gattaparda, estou contigo!
Nenhuma mulher, no seu perfeito juízo,gosta ou gostaria um dia de fazer um aborto!Quando o resolve fazer é porque considerou ser o último recurso.
Claro que tudo é relativo e acho que só quem está na situação(podem ser vários os motivos - um preservativo pode romper, por ex) é que deve decidir.
Não sou propriamente a favor do aborto(da despenalização sim),sou contra a hipócrisia!