quarta-feira, julho 08, 2009

Pressão precisa-se! (ou ligeira análise de 5 anos e meio de emprego)

Fez no dia dois do presente mês cinco anos e meio que estou a trabalhar onde estou. Considero que aprendi muita coisa, talvez atabalhoadamente em grande parte dos casos, outros tantos a fazer borradas monumentais, e usando este sítio como playground onde pude experimentar imensas coisas, sem ter ninguém realmente à perna. Aprendi como se deve construir uma aplicação, como não construir uma aplicação, como decifrar o que as pessoas realmente querem (é uma arte, acreditem, e ainda estou muito longe de a dominar...); aprendi também o porquê de tanta lenga-lenga na universidade acerca de métodos de trabalho, e aprendi isso fazendo muitas vezes borradas monumentais, e tendo que as reparar a seguir - há muitos casos onde ainda não deu barraca e onde tenho medo de mexer tal é a confusão feita de patches em cima de patches...

Mas isto são generalidades de certa forma. O que mais sinto no meio deste processo é que a supervisão de um projecto é muito importante! Sem uma supervisão clara, o projecto entra em auto-manutenção, e o rumo não existe por muito que se tente lavar a cara do mesmo, e tente acrescentar constantemente funcionalidade. Torna-se um pequeno monstro com muitos tentáculos, cada um destes tentando chegar a muitas audiências, algumas vezes muito bem, algumas vezes mal e algumas vezes muito mal.

Na questão da supervisão sinto, na minha curta vida profissional (afinal de contas, 7 anos no total, não é nada de especial...), que não pode haver exageros. Nem excesso de supervisão, nem falta do supervisão.

Se houver excesso, quem faz a supervisão torna-se uma espécie de alma penada que será muito rapidamente vista como um ditador que simplesmente não ajuda nada! Apenas pensa que ajuda, ou até que manda... Será muito importante manter a equipa motivada, mas não será assim com certeza. Uma equipa que não tenha um mínimo de autonomia não funciona, disso não tenho dúvidas! Passei levemente por uma situação destas no meu primeiro emprego (após terminar o curso), e garanto-vos que agradável não foi...

Se houver falta de supervisão, além da auto-gestão que já por si é má quanto baste, o trabalho realizado perde qualidade e coerência, é realizado aos solavancos e de acordo com as pressas que possam surgir. O planeamento acaba por ser algo vago e meramente feito para definir objectivos no início do ano - tendem a ser simples de cumprir. E há, infelizmente, uma tendencia para falar muito e agir pouco devido à inexistência de pressão para que o trabalho surja de acordo com uma temporização pré-definida. E não sejamos ingénuos aqui: todos precisamos de alguma pressão para realizar bom trabalho. E quando falo de pressão, não falo da pressão negativa do tipo "isso tem que estar acabado ontem porque eu quero" - falo da pressão natural do tipo "então como está a correr o projecto do Mata-Janelas XIII? Gostava de ver esses progressos para a semana!", ou algo do género. Ir ao local, dar críticas construtivas e ideias objectivas. Espera-se que seja o informático a resolver problemas organizacionais onde muitas vezes o informático não tem muito a dizer...

A pressão pode ser extremamente negativa se levada além dos limites do razoável, e só cada um saberá os seus próprios limites em relação a isto. E sinto que no meu actual emprego seria necessária mais supervisão e isso iria gerar, nem que implicitamente, mais pressão que em última análise seria criadora de maior motivação. Chamemos-lhe pressão positiva.

Mudar de emprego? Neste momento não me parece muito sensato... Além de que não tenho grande vontade; talvez seja do conforto...

5 comentários:

Unknown disse...

Essa falta de supervisão pode ser uma oportunidade. Se falta, há um lugar para preencher e por vezes (poucas) quem demonstra ter capacidade para isso encaixa naturalmente nesse sítio. O problema, digo eu da minha experiência, é a falta de iniciativa. De tesão, de coragem, de vontade de ir mais além. Do excesso de conforto, como dizes. ;) PS: http://fogoneroaminhota.blogspot.com/ só para matares saudades.

Ricardo Ramalho disse...

E foi uma oportunidade até certa altura. Percebes o "negócio", fazes montes de coisas...

Depois percebes que pouco importa, que faças o que fizeres, tenhas a iniciativa que tiveres, o crédito que te é dado será sempre o mesmo.

Por fim, desmotivas e fazes o estritamente necessário para que ninguém te chateie - infelizmente, talvez seja essa a essência do funcionalismo público...

almofada de penas disse...

Olá olá... já não passava por aqui há algum tempo... em relação ao teu post... Será que não nos cabe a nós dar o nosso contributo pessoal para contrariar a tendência?

Ricardo Ramalho disse...

Olá!

Acho que é mais ou menos implícito que esse contributo é dado... Não se sente é o feedback desse contributo! :)

squiddy - a lula disse...

Grande post Ramalhinho! :)