quarta-feira, agosto 09, 2006

Mais uma vez o "Emprego"

Sempre me fez confusão algumas ideias de puro liberalismo, como os despedimos à la carte, ou "porque sim", no fundo à Americana. É algo que me deixa extremamente irritado com a sociedade, porque não dá garantias de empregabilidade aos seus concidadãos. É algo triste sabem? É triste ver que as pessoas se querem aproveitar umas das outras, e sugá-las até ao tutano.

Mas depois olho para a presente realidade e vejo, na questão do emprego, algo muito parecido entre nós Portugueses: os contratos a prazo. Tudo bem, que há regras que dizem quando há mais do que X contratos a pessoa passa a efectiva e tudo isso. Mas... sabem uma coisa? Isso não passa de pura fantasia! Da forma que está fazem um número de contratos e quando chega perto do limite, despedem a pessoa e mandam-na às urtigas. Já não é apetecível, porque senão essa pessoa torna-se mais um "mono" dentro da organização. Portanto despede-se a pessoa ou muda-se a função, o que representa começar do Zero a nível legal, mesmo que as funções no fundo sejam as mesmas. Conheço n casos destes! Há um caso onde a pessoa está a contratos há mais de 10 anos. E isto repete-se, tanto no privado como no público que mais grave se torna ainda...

Ou seja, as pessoas aqui, tal como na ideologia Norte-Americana, são igualmente disposable! Para isso, porque não nos deixarmos de hipocrisias e pseudo socialismo no emprego e adoptarmos logo o sistema Americano? Assim, todos nós sabiamos que ao entrar no emprego podíamos ser corridos "ainda hoje", ou daqui a dez anos. Em vez de estarmos a roer as unhas de seis em seis meses...

É que se é para sermos porcos, juntamo-nos logo a uma vara...

4 comentários:

Anónimo disse...

Bem vindo ao nosso mundo. Lembras-te dos tumultos em França há alguns meses? Acabaste de tropeçar na explicação. Para proteger os empregos de alguns (normalmente os Baby Boomers) existem leis que garantem o emprego. O resultado é que a geração dos 20/30 anos encontra-se desempregada, na prática a pagar as garantias dos outros. E por ganhar menos (na Europa chama-se-lhe a geração dos 1000 euros - embora muitos ganhem menos), não ajuda a sustentar regimes de solidariedade geracional como aquele em que se baseia a Segurança Social. O resultado são as crises que vemos e que vão piorar. Os "direitos adquiridos" contra os "direitos nulos".

Na minha opinião preferia um regime de despedimento fácil. Os maus chefes rapidamente despediam os bons, com o prejuízo financeiro respectivo que os poria a eles no desemprego. Os empregados descontentes mais rapidamente mudariam de emprego, uma vez que haveria uma maior rotação de vagas. Os empregadores contratariam mais, uma vez que não ficam presos a uma pessoa para sempre. Claro que isto pressupõe a existência de uma rede para apoio ao desemprego (leia-se Segurança Social sem metade da burocracia). Mas acho que percebes a ideia.

Ricardo Ramalho disse...

O meu medo não é o despedimento fácil per se! O meu medo é o que pode vir a partir daí, que é teres uma sociedade como a nossa em que isso vai acarretar injustiças sociais, porque tens uma cambada de merceeiros a cuidar deste país e a fazer continhas somar (sumir?) com parcelas muito pequenas e não conseguem ver para além do lucro fácil.

Pondo de parte as minhas ideologias políticas, acredito que traria algo de positivo que seria a mobilidade de empregos. No fundo, terias mais desemprego mas ninguém estaria desempregado muito tempo. Gerava uma dinamica diferente, e provavelmente diminuirias a quantidade de "encostas"...

Mas para isso precisas de uma Segurança Social mais célere e justa... E sinceramente não sei como se consegue isso, e se é que é possível compatibilizar as duas coisas.

Elias Monteiro disse...

Importa-se de Espanha...?

Anónimo disse...

Esqueces-te de que um dia também terás 40... 50 anos... e aí, meu amigo, acredito que em alguns empregos as pessoas maduras sejam valiosas, mas há muitos em que as cabecinhas que fervilham ideias, saidinhas de fresco das universidades ou com um estágio de alguns anitos em empresa valem muito mais. O mesmo se aplica a empregos que apliquem a força física. E então, o que acontecerá (que o que vai acontecer efectivamente) a todos aqueles que apesar de darem o litro na empresa durante mais de 10 anos, andam a contrato temporário ou mm a recibo verde, e portanto sem nenhumas regalias e que podem ser postos na rua quase "amanhã"?
Será que o sucesso da empresa também não dependeu desse funcionário e ele não merece ou ser mantido lá, mesmo que não renda 200%, ou pelo menos ser indeminizado por ir para a rua?
As empresas não podem realmente sugar o que é bom da pessoa e depois mandá-la para o lixo... não acho que o despedimento na hora seja assim tão bom - isso é apenas numa perspectiva "jovem" e todos nós um dia vamos deixar de o ser e perder as forças quando formos despedidos pela 15ªvez.
Gosto das empresas que apostam no pessoal realmente, lhes dão formação e assim, visto que investiram na pessoa, também têm interesse em que ela se mantenha lá - porque a empresa também perde se a pessoa se despedir!
Isto está tudo errado... e a "geração dos 1000€" è para a cabeça da europa, porque nós somos a cauda e não chega tanto cà abaixo!