quarta-feira, junho 28, 2006

As diferenças

Ao acordar, de forma repentina viu que o despertador já se calara há imenso tempo. Estava lá um despertador, não parecia ser o seu, e de facto já se calara. Se é que alguma vez tenha feito algum ruído...

As persianas daquele quarto estavam abertas, e a luz que vinha de fora era estranha. Era uma luz com um cintilar bizarro, sem qualquer parecença com algo que alguma vez ele tenha visto. Com o passar daqueles primeiros momentos, ele não sabia se aquele era realmente o seu quarto, porque afinal de contas ele normalmente dormia numa cama de casal. E aquela não era uma cama de casal... Viu uma toalha amarela no chão, e enrolou-a à volta da cintura para se tapar.

Um pouco a medo, abriu a porta do quarto e não viu ninguém. Haviam uns quartos, um corredor e uma casa de banho em frente. Ele queria um espelho, nem que fosse para confirmar que ao menos era ele de facto ali. Olhou-se ao espelho e era ele... Mas ao mesmo tempo não era! Era uma imagem que ele talvez desejasse para si mesmo há muito tempo. Mas não era ele! Estava ali, perdido, numa casa que tinha muito de seu, mas que não era a sua casa... ainda! Tinha cabelo parcialmente descolorado, estava magro, e tinha algo na cara que ele nunca pensou fazer. Uma pêra!

Tudo lhe parecia extremamente lógico, as coisas estavam onde ele as poria naquela casa, mas... Começou-se a assustar porque tudo aquilo era belo e ao mesmo tempo aterrador. No guarda-roupa já não estavam as roupas que ele normalmente vestira; estavam fatos, gravatas e tantas outras peças de roupa que ele sempre fugira a sete pés. Tinha nas costas da cadeira presente no quarto, como sempre, a roupa para o dia seguinte. Muito a medo lá as vestiu, nem que fosse para ver onde iria dar tal situação. No fim viu-se de fato, como se fosse para um casamento... Estranho.

Desceu e não viu as figuras de seus pais, como sempre vira. Viu, ao descer as escadas desta casa estranha, uma foto dele com eles num lugar que nunca vira. Sentiu um calafrio e berrou "PAI! MÃE!", e única resposta que teve foi o eco dos seus próprios gritos.

A foto tinha uma data. Tinham passado dez anos...

qualquer dia continuo...

4 comentários:

Anónimo disse...

Muito bem, tens jeito para escreveres estes pseudo-romances!

Fico à espera da continuação, ou seja, o proximo episódio :)

Anónimo disse...

também fico à espera do próximo episódio :)

Judia disse...

Já somos 3! Mas tens de manter o nivel, agora que despertaste o interesse :P

Anónimo disse...

Interessante...uma foma de libertar os "animais"