quinta-feira, maio 04, 2006

1995-2006 - Não sei, sinceramente

Estava eu no 12º ano, o último ano em que o 12º tinha só 3 disciplinas. Era também o ano em que haviam p'la última vez as fatídicas provas específicas. Lembra-me perfeitamente das notas que tirei nessas provas... Na de Física tive 20% e na de Matemática 35%. Lembra-me que fiz o boletim de candidatura com uma fé descomunal, e que entrei para última opção, daquelas escolhidas em cima do joelho, em cima da hora. Obviamente, aterrei nessa opção!

Era um curso que nada me dizia, e senti-me ali aterrado de pára-quedas; mas obviamente não era só eu! O Gil (tipo que já não vejo há uns largos tempos), ficou na mesma opção que eu. Acho que foram as únicas vezes em que apanhei bubadeiras às 10 da manhã... No tempo que lá estive fiz duas cadeiras, sendo que uma delas era um monstro para os alunos do curso... Também não me serviu de nada realmente.

O meu paizito andava orgulhoso, afinal de contas o filhote entrou à primeira no curso, e ele andava radiante, e contava isso aos amigos. Obviamente, caiu o Carmo e a Trindade quando lhe anunciei que aquele curso não prestava, pelo menos para mim! Não era aquilo que queria! A minha pica estava num outro sítio... Foram dias de discussões até que o meu paizito percebesse que eu iria de facto mudar e fazer algo que seria de facto melhor para mim, porque era aquilo que queria de facto, porque era a área que me abria mais perspectivas de mercado de trabalho.

Ele começou com aquelas tretas do "não tens mais oportunidades", e "se falhas vais trabalhar para ver o que custa", etc etc etc. Provoquei a afronta do velhote, mas fiz o que queria! Desisti do curso, e fui fazer as provas de acesso de novo. Desta vez, e com o novo modelo de acesso não fiz a coisa por menos! Tive dezasseis valores a Matemática e vinte valores (sim... 20,0) a Física... Entrei na primeira opção, e p'lo que me apercebi mais tarde, estava nos 25 melhores em 200 alunos que entraram.

Foi das poucas alturas em que a minha confiança transbordava! I was larger than life... Mas, estranhamente, a pica foi-se dissipando ao longo do curso, e de facto não a soube manter. Quando cheguei ao fim do curso acho que já me estava a cagar para tudo outra vez. Já estava a precisar de algo novo, de algo que sinceramente teimava (e teima!) em não acontecer. O curso, e respectiva pica deram alento e taparam outras questões durante algum tempo. Mas a erosão do tempo tratou de destapar de novo as outras questões...

Agora, em 2006, gostava de ter a coragem de afrontar não o meu pai, mas a mim mesmo, e de ter um pouco aquela sensação de confiança que tive aos 18 anos quando entrei para o IST, e me sentia melhor que o mundo inteiro! Aquela sensação de que tudo era possível, sem aquele estúpido pragmatismo que hoje me caracteriza, e que me diz sempre "nã...". Sem ficar com a sensação que podia ter feito mais nas coisas que eram realmente relevantes... E também perceber quais são as realmente relevantes, para mim.

Se calhar sinto-me imensamente perdido 11 anos depois... Ando com a sensação que sabia mais o que queria há 11 anos atrás do que sei hoje. Sinceramente, quando me perguntam "o que queres da tua vida?", a minha resposta é, após uns segundos em branca, "não sei, sinceramente".

11 comentários:

Anónimo disse...

És o que pensas conseguir, nem mais nem menos.

Anónimo disse...

Chiça oh Kossa, já lá vão dez anos?
Abraço!

Ricardo Ramalho disse...

Ricardo sff :)

Anónimo disse...

eu arriscaria dizer que tu queres da vida aquilo que todos nós queremos e tantas vezes nos esquecemos: SER FELIZ :)

Anónimo disse...

Quando escreveste o post sabias perfeitamente o que querias...
Pensa bem...
Mais um grito de socorro para ver quem são os amigos que te "acodem". :)

Ricardo Ramalho disse...

Se é essa a tua interpretação... Estás à tua vontade! :)

Foi mais um, de muitos desabafos... Tem sido para isso que o blog me tem sido útil! Escrever sobre o que me vai na alma.

Se queria gritar "socorro"... Não sei, sinceramente!

;)

Anónimo disse...

Bom, na realidade parece-me de que precisas de dar uma vez mais um abanão na tua vida. Despertar para algo novo e diferente que te anime e te interesse, acima de tudo. Se há 11 anos o fizeste foi pela simples necessidade natural de querer fazer algo que te preenchesse... e hoje em dia, aquilo que fazes ainda te preenche? Às vezes precisamos de arriscar fazer algo diferente mas que nos faça sentir úteis... Se achas que há algo que te interessa fazer, avança! Não fiques preso às banalidades do dia a dia a estupidificar... arrisca e sê feliz ;) Bom, cada um faz uma interpretação diferente daquilo que tu dizes... espero que ao menos faça algum sentido :P Acima de tudo faz aquilo que sentes que te pode ajudar a ser feliz ;)
Bjinhos

Anónimo disse...

Objectivos... precisas de objectivos!!

Ricardo Ramalho disse...

Sabes traçar objectivos de cabeça quente Zé? Eu sei que tu és o mister Zen, e que tudo está sempre calmo para ti, mesmo que o mundo esteja a desabar... Portanto provavelmente não tens nunca a cabeça quente, e logo consegues traçar objectivos e ter tudo a correr cinco estrelas!

Mas eu não sou assim!

Sei de algumas coisas que preciso. E enquanto não as tiver, nada mas nada funcionará bem! Sou quem sou...

Anónimo disse...

Tens a cabeça quente exactamente porque estás preso a algumas coisas... embora seja muito importante,para ti, a sua concretização, talvez fosse melhor não as tornares uma obsessão... senão, a tua cabeça e o teu coração acabam por viver numa guerra permanente e acabas por não conseguir sair dessa bola de neve... as coisas acontecem quando menos esperamos ou quando achamos que vale a pena lutar por elas, e não quando vivemos a pensar nelas.

Anónimo disse...

RR já somos dois a sentir o mesmo!! e é nestas alturas que eu agarro tudo...procuro .. vasculho para dar a volta a essa inércia!Nem sempre se tem essa força para mudar ... A questão é eu sou eu .. e eu sou mais forte ..porque eu escolho ......ESCOLHO ....(SOU EU QUEM ESCOLHE ) mudar!!

Todos nós temos um ritmo.. e todos nós temos altos e baixos ...
todos nós fracassamos ..todos nós vencemos...
cabe-nos dizer a nós mesmos que eu não preciso de elogios ou sucesso para saber aquilo valho!

BEIJOS de alguem que tb sente isso na pele!
Angel