quinta-feira, abril 13, 2006

Contradições

Estava há pouco a ler uma revista de automóveis, e no editorial da mesma, falava-se de um modelo novo da Audi em Portugal. O Audi RS4. É um modelo desportivo, e como tal gasta muito, é caro de manter, portanto é só para quem pode!

A questão levantada no editorial era pertinente, e era a seguinte:
- Como raio se fazem automóveis cada vez mais potentes, gastadores e poluidores, quando estamos no meio de uma crise petrolífera, e quando já se sabe que o petróleo é um recurso limitado? E quando temos a questão da poluição, cada vez mais pertinente?

Este Audi, caso não saibam, debita uma potencia de 420 Cv, de um motor de 4,2 litros de capacidade. Estes níveis de potencia, eram do domínio dos camiões TIR há uns anos atrás... Claro que a Mercedes, BMW, Ferrari, etc etc etc, já estão a preparar os seus mega-desportivos para as carteiras mais abastadas! E se preparam é porque há mercado! Lei da oferta e da procura não é verdade? É que nos últimos 5 anos a crise petrolífera tem-se agravado, e as potencias médias dos modelos desportivos têm disparado como nunca! O modelo mais exclusivo da Bugatti tem 1001 Cv...

Mas... Não serão estes construtores responsáveis também por desenvolver, de forma séria e célere, tecnologia que permita a não destruição do nosso meio ambiente? É que custa muito mais desenvolver modelos desportivos... Só que também deve render muito mais...

Eu gosto de carros desportivos, toda a gente sabe isso... Mas a cada mês que passa acho que estamos a cair no exagero. Já não há espaço para monstros do asfalto... Acho mesmo que nunca houve...

4 comentários:

Zé Pires disse...

Status-quo, já ouviste falar, não ouviste?

Os ricaços que têm possibilidades para comprar carrões desse tipo tão-se meramente a ca$%r se há crises petrolíferas, problemas ambientais ou não. Enquanto não chegarem à bomba de gasolina e a torneira não pingar nada, é-lhes igual ao litro!

Agora sim, gostam de ter uma possibilidade de se demarcar dos demais, de mostrarem que são bem-sucedidos.

Do ponto de vista dos construtores, se existe mercado de facto para comprar esses modelos, why the hell not?. Enquanto não forem incriminados por causa disso, qualquer coisa é lucro para eles.

Anónimo disse...

Não é o sonho de TODOS que os combustiveis reduzam o preço para podermos ir a todas as esquinas com o carrinho e não termos que meter o pézinho num transporte público ou mesmo andar 200m a pé?

Alguém está a pensar na crise petrolifera? Ou estão a pensar no ar condicionado que gostariam de ter, no carro mais potente e vistoso, e em como fazer render o peixe para andar mais km? (pode ser preconceito, mas conheço muitos casos...)

Os do "nível superior" poderiam pensar no ambiente e etc., mas será que são diferentes de "NÓS"?
Dar o exemplo nunca foi coisa de classe superior! :D

Talvez no fim do mês, enquanto o povinho deixa o carro para ir de comboio eles peguem no carro mais fraquito, em vez do desportivo! lol

Realmente está errado, mas aqui os "pobrezinhos" também podem mudar de atitude! Calha a todos!

E nunca vamos, como seres humanos, deixar de querer ser melhores e chegar mais longe e ter o último modelo - mesmo que não existam estradas para andar com ele!

Que importa que as taxas e impostos (afectos ao nível de poluição, crise, etc)sejam elevados? Quem pode, pode!!!

Onde é que estão as campanhas a "denegrir" o uso de carros desportivos e poluidores? E a incentivar um menor uso do automóvel, etc? Pelo contrário, só vês incentivos, publicidade!

É um assunto que só serve para rir, porque se pensas muito nestas coisas a tua cabeça explode e só vais querer emigrar para o espaço!! lolol

Anónimo disse...

Todas as vossas opiniões são bastante consideráveis... mas o ser humano tem de aprender muito...
O dinheiro não é tudo!
Quando se morre não se leva o dinheiro..
Espero sinceramente, que a humanidade comece a ser mais fiel áquilo que realmente necessita!!

Anónimo disse...

Os carros desportivos não são rentáveis. Vê os resultados de uma empresa automóvel e rapidamente descobres que não se pagam a si mesmos. O que são é cartões de visita: a empresa lança um super-carro, e os outros são tocados pela sua "magia". Uma pessoa compra o modelo de baixa gama, baratinho, mas que é da mesma marca. Como exemplo, quando a Renault tomou conta da Nissan, com um CEO que é conhecido por contar feijões ao ponto de a sua alcunha ser "le cost-cutter", das primeiras coisas que fez foi garantir que estava a ser desenvolvido um supercarro. A Ford acabou de anunciar um super-SUV e, mesmo no nosso país, podes ver o Fórmula 1 da Renault anunciado como "um campeão como todos os outros",

Há ainda outra razão: explorar os limites da tecnologia. Um motor de 500 cavalos que caiba dentro de um capot quer dizer que a empresa já tem a tecnologia para fazer um de ~60 cavalos em metade do tamanho, o que é um primeiro passo importante para conseguir um motor barato de construir e pouco poluente. As melhorias de eficácias conseguidas reflectem-se ao longo do tempo nos outros carros. Podes pensar nos supercarros como o resultado de investigação pura. Falta torná-los em produto.

As saudades do Volvo do meu avô a consumir 25 a 40 litros ao 100Km na autoestrada...