quarta-feira, setembro 28, 2005

Casinhas para os pobres

Vou começar por deixar um aviso aos meus amigos arquitectos. Eu não percebo nada de arquitectura! Vou deixar a minha visão sobre um assunto específico: habitação social. Mas que tem algo a ver com a forma como são organizadas as nossas zonas urbanas. E por acaso estive na conversa com o Sr. Quase-Arquitecto Jorge sobre este mesmo assunto... :D

Odeio a ideia de "bairro social". É pá... parece-me estúpido! Tiram-se as pessoas das barracas, que além da imundice, têm associados imensos problemas... Mas acima de tudo o problema principal é o da exclusão (ou marginalização... como queiram!). E não se vai resolver o mesmo transferindo as pessoas para blocos de apartamentos (de qualidade muito questionável...) construídos longe de tudo e de todos! É estúpido! Muito estúpido! Além de que estas estruturas de qualidade questionável, alimentam provavelmente alguns tachos de construtores... O que é melhor nem comentar!

Algumas pessoas (inclusivamente políticos! incrível!) já falaram numa ideia que me parece simples. Mais uma vez, a simplicidade... Em cada bloco de apartamentos construído, haver um ou dois apartamentos destinados à Camara Municipal. Dessa forma, espalhavam-se as pessoas pelas zonas urbanas, e isso acho que iria ajudar (e muito!!) a integração das pessoas na sociedade. Assim, as pessoas não estão isoladas, mas sim integradas na nossa sociedade. Serão obrigadas a adaptar-se.

Mas não... Os exemplos de Chelas não chegam...

6 comentários:

Anónimo disse...

Pois é meu Amigo, e quando essas pessoas não querem ser obrigadas a integrar e serem colocadas nesses locais?!...

O problema é muito complexo quando já parte dessas pessoas, e não tenho qualquer sentido racista na abordagem deste assunto.

Segundo o Dr. António Cardoso Ferreira:

" Exclusão social, desenvolvimento e cidadania escrevem-se de maneira diferente consoante a vida das pessoas e comunidades que têm por dentro "

Anónimo disse...

A ideia de integrar as pessoas em apartamentos normais é boa, e há pessoas excelentes a viver em Bairros Sociais que mereciam sim senhora, e se o desejassem (porque nós temos a mania que a nossa vida é que é boa, mas nem todos preferem viver em condominios ou fechados num apartamento num piso elevado...) viver noutras condições.

Há também pessoas que não são assim tão boas e provavelmente muitos de nós não gostariam de compartilhar o prédio com elas (o ambiente em prédios normais de periferias dormitórios - não desta periferia elitista que é Oeiras - por vezes não é bom: desde musica alta a qualquer hora a rebentarem portas e quadros electricos, associados a uma enorme falta de segurança é real - pior que em muitos "bairros sociais" de Oeiras.

Depois também acho questionável eu ter que pagar o valor real de um apartamento e ficar a pagá-lo durante 40 anos, com todas as difículdades que isso acarreta e saber que ao meu lado o apartamento foi quase oferecido a alguém. Se essa pessoa for trabalhar e se esforçar para mudar de vida e comprar a casa é uma coisa, se não, não é injusto?

Provavelmente tar conduziria à descriminação dentro do próprio prédio - acabamentos desiguais e de inferior qualidade, apartamentos de dimensoes inferiores... uma espécie de "casa da porteira" que ainda existe m muitos prédios da altura do Salazar, apesar de actualmente raramente ser utilizado para porteiras - ou é alugado ou transformado em escritórios.

Depois há uma questão que é "fria e calculista" mas quem é que tem dinheiro para comprar apartamentos "normais" e alojar lá pessoas? as Câmaras? o Governo? a Europa?

Noutro aspecto, há bairros sociais que não funcionam mal, que se enccontram bem enquadrados urbanisticamente, próximos ou mesmo no seguimento de urbanizações "normais". Há bairros sociais com prémios de arquitectura e mesmo concebidos por arquitectos "conhecidos" da nossa praça (exemplo: sem comentar se é bom ou mau, o Bairro de Leceia é do arq. Manuel salgado, o mesmo do CCB e do desenho urbano da Expo).
O Bairro de Talaíde, por exemplo é um atentado - com um único acesso (simultaneamente via de saída) e isolado num imenso descampado. Um autêntico gueto!

Há soluções boas e más, mas um acompanhamento por parte de assistentes sociais (e outros k n conheço) persistente e um bom enquadramento urbano pordem ser suficientes para um Bairro social funcionar bem.

Anónimo disse...

sabes... ontem perdeste uma bela oportunidade de falar com uma antropologa sobre esse assunto :)
(em parte por eu nao me calar)

um bairro (a)social acarreta logo a partida o estigma do nome... que é tudo menos socializante

Anónimo disse...

O problema é de facto muito complexo, muita coisa haveria a dizer a este respeito,mas um "bairro social" existe ou é criado exactamente para aquelas pessoas de condição social e económica baixa que não têm possibilidade de adquirir casa com o seu próprio rendimento.

O que se questiona muitas vezes é onde construir esses bairros e se devem ou não ser integrados em outras comunidades...

Toda e qualquer integração(não exclusão social) deve ser feita tendo em conta um estudo prévio e um acompanhamento por parte de assistentes sociais,sociólogos, psicólogos e outros especialistas, ou seja,depende de uma série de factores: da comunidade em si(e aqui, entra tudo-estudo da comunidade),da zona urbana, dos espaços envolventes,etc...o problema é quando não se fazem esses estudos ou se fazem mal...ou quando essas pessoas são mal acompanhadas...

Para se fazer um estudo deste género não se pode ir com ideias pré-concebidas ou pensar que é tudo igual...gosto da frase que o Parafuso transcreveu porque sei que é de facto assim!

Anónimo disse...

Tretas!
Eu é k moro num bairro social! Uma pessoas nascida, criada, enraizada no centro de lisboa, ser obrigada a comprar casa num bairro periférico porque a habitação do centro da minha cidade (onde trabalho também) é destinada a sei lá quem! Inclusivé gente a quem as casas são praticamente dadas! Concordo com a Lulinha em quase tudo.

Anónimo disse...

o problema da maioria dos empreendimentos de cariz social é a sua dimensão. Os empreendimentos do concelho de Oeiras são absolutamente assutadores, limitam-se a ser reproduções dos bairros degradados em que as pessoas anteriormente viviam. Não posso falar muito aprofundadamente dos critérios utilizados, nem do acompanhamento técnico efectuado, mas a verdade é que resultado foi desastroso, são as tais casas pra pretos e ciganos, construídas massificadamente, para nas vésperas das eleíções o Isaltino ter entregue umas chaves. Em Cascais, e do conheciemnto que tenho posso dizer que existe um maior cuidado, sendo que, os empreendimentos não têm dimensões tão grandes, existem em alguns bairros gabientes de apoio, com técnicos especializados. Contudo, muitos problemas existem, em que se destcam, por exemplo, a faltqa de acessibilidades e, pela especulação imobiliária, a distância a que estes se encontram de zonas comerciais e afins. Quanto à qualidade dos empreendimentos, já não são construções de 3ª como muitas pessoas julgam, e já existem apartamentos PER com uma qualidade bastanta razoável, em termos de materiais e dimensões das assoalhadas. Aliás, os prédios que se destinam a realojamento já são construídos lado a lado, com prédios iguais, vendidos a custos controlados e a preços de venda directa normal, tenho um amigo que comprou um andar com custos controlados em alcabideche e vive lado a lado a pessoal realojado, e tá VIVO! :). Concluindo, e desculpem o extenso da conversa, mas este assunto toca-me particularmente, a grande solução, é ir para além do realojamento, e elaborar um projecto de acompanhamento p´re e pós realojamento, sobretudo pós-realojamento, com técnicos especializados.